O texto de hoje é especial. Há algum tempo queríamos fazer uma publicação tirando as principais dúvidas sobre esse material que desperta sentimentos tão intensos no mundo do crochê – o fio de malha. Porém não somos os maiores especialistas no assunto, então resolvemos convidar alguém com “cancha”, como dizemos aqui no sul – e ela aceitou!

Então com vocês um texto completo, com tudo que você precisa sempre quis saber sobre o fio de malha feito com muito carinho pela Débora Alves Salgado!

 

Fio de malha – o que são, como surgiram, onde vivem?

 

Quando os queridos Gabi e Diego me convidaram para escrever esse texto, fiquei muito feliz por dois motivos! Primeiro por participar deste blog que adoro e, segundo, porque me desafiou a mergulhar ainda mais neste universo do fio de malha.

Trabalho com fio de malha há muitos anos, quando ainda não existiam novelos de fio de malha. A primeira vez, há uns 10 anos, pedi retalhos em uma fábrica de biquínis porque tinha visto um trabalho de “t-shirt yarn” num site gringo. Deu um trabalhão cortar e costurar, mas adorei a experiência! Alguns anos depois, surgiram os novelos de fio de malha já cortados e organizados – agradeço imensamente por isso! – feitos a partir de resíduo têxtil, de restinho de malha.

– Tem que ter paciência –

Como são feitos de refugo industrial, de malha de qualquer composição, abrir um novelo de fio de malha é sempre uma caixinha de surpresas. Nunca sabemos o que esperar – e isso, para mim, é uma das delícias de se trabalhar com esse material.

Por serem material de reciclagem, o novelo pode apresentar – e quase sempre apresenta – irregularidades de espessura ou emendas grosseiras. Outra característica desse material é que, pelo mesmo motivo, é difícil encontrar a mesma tonalidade ou a mesma estampa. Também não se pode indicar uma agulha específica para o fio de malha. Trabalha-se com agulhas entre 8 e 15 mm dependendo do fio.

Para trabalhar com fio de malha é preciso certa paciência, mas o resultado compensa!

– As possibilidades são infinitas! –

Com esse material podemos fazer bolsas, tapetes, cestos, enfeites de parede, objetos de decoração, filtros do sonho, mantas decorativas e até vestuário!
Com o fio de malha, veio o chamado “maxicrochê”, que revitalizou esta arte milenar. Eu acredito que o fio de malha – assim como o amigurumi – foi um dos responsáveis pelo crochê ter deixado de ser associado apenas a “coisas de vó” como toalhinhas, bicos de panos de prato e mantas. Não dá para falar em crochê contemporâneo, eu acho, sem falar em fio de malha!

Hoje em dia são muitas as marcas que vendem fios de malha. Algumas delas passaram a fabricar o fio, cortando a malha, o que eliminou o problema de irregularidades – embora tenha eliminado igualmente o caráter sustentável desse material.

– Vamos dar uma passeada no que hoje é chamado de fio de malha? – 

1) fio de malha “raiz” – é o novelo feito com refugo da indústria têxtil. Algumas marcas que fabricam os novelos são Malha Fio, Tear Nobre, Euroroma, Andrade, Conceitual entre outras.

2) fio de malha “nutella” – é o fio de malha fabricado. São empresas que compram a malha e cortam-na em fios com mesma espessura e composição, como a Fios Kiki.

3) poliéster – embora chamado “fio de malha”, na verdade não é malha, é 100% poliéster. A vantagem é o peso, são muito mais leves que a malha. Para fazer bolsas, por exemplo, é uma boa opção. A Multitécnicas vende esse tipo de fio.

Esses são os principais materiais disponíveis no mercado atualmente. Certamente muitos outros surgirão! Este mercado do maxicrochê cpm fio de malha está em crescimento e ainda temos muito o que inventar com ele!

Debora Alves é linguista, professora e artesã. Apaixonada por crochê, foi pioneira nos blogs de receitas com o Modernizando o Crochê. Com a criação do canal no Youtube, há três anos, uniu suas duas paixões, ensinar e fazer crochê. Instagram: @ateliedeboraalves

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